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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Um Espaço para o Novo

Quem não quer algo novo na vida, algo mais feliz, um estímulo para viver diferente? Um novo amor? Ou um novo trabalho com mais significado?

Infelizmente, tenho visto muita gente descontente, pessoas que aparentemente tem tudo para ser feliz e não se sente assim. Tenho visto também pessoas que tentam mudar o foco da tristeza descontando as frustrações em compras, na busca desenfreada de um amor, ou ainda na expectativa do sucesso profissional que acaba se transformando em competição e mais frustração.

Quero deixar claro que sou a favor do crescimento, da mudança e da busca para alcançar tudo isso, mas não de uma forma louca, desenfreada. Sinto que precisamos ser sábios para analisar o ponto em que estamos para desejar seguir em frente. Por que se não agirmos assim, correremos o risco de ir alimentando frustração em cima de frustração. Pois querer mudar é bem diferente do que conseguir mudar.

Precisamos olhar para nossas frustrações e ponderar o que de tudo que passamos faz parte de um amadurecimento natural da vida que impõe seus limites, e o que é uma acomodação nossa, escolhas erradas que hoje trazem seus frutos negativos, ou ainda uma estagnação por medo das implicações da transformação. E só a autoanálise trará as respostas. Por isso vamos nos analisar.

Para ajudar, formulei algumas perguntas para você fazer para si mesmo:
1. Você está dando verdadeiro espaço para o novo, ou está ficando só no desejo?
2. Você tem medo da mudança?
3. Consegue persistir na busca de seus objetivos, ou guarda os sonhos, como apenas sonhos por medo de não dar certo, ou qualquer outro medo escondido?
4. Qual é a sua inspiração para mudar? Algo de fora, uma pessoa que você conheceu? Ou um extremo cansaço ou desgosto por tudo o que está vivendo? Fica a sugestão de analisar por que quer mudar...
5. Você tem coragem de enfrentar o tempo de pausa entre o novo e o fechamento do ciclo atual?

Essas são perguntas muito importantes que só você poderá responder. Aprendi com os Mestres que tudo começa dentro de nós. O impulso sempre vem da gente, ainda que nos inspiremos em fatos, pessoas, numa viagem, ou seja no que for, aquele impulso é uma semente que para germinar dependerá de nossa aceitação, do acolhimento e maturação daquela ideia original. Então, se você está querendo mudar de verdade, terá que enfrentar o desabrochar dessa intenção. E enfrentar também com paciência a passagem do tempo que trará mais entendimento e aprendizado. Precisará sair do sonho e correr riscos.
Ainda que alguém, ou um fator externo seja a sua inspiração para mudar, será você que dará ou não força para isso acontecer.

Se quer mudar não permita que o medo do novo aprisione você. Acho que você vai concordar que estamos vivendo um tempo muito louco, com muitas coisas novas acontecendo no mundo, grandes avanços tecnológicos e desafios de toda natureza para trazer o novo, inclusive quebrando paradigmas, pois há bem pouco tempo pensávamos que tendo um emprego seguro seríamos felizes, ou um carro novo traria contentamento, já que nós, ocidentais, fomos criados num mundo voltado para o consumo e realizações materiais, mas nem para nós isso está sendo suficiente, ou reconfortante, ou seguro. Sucesso, então... também não está trazendo contentamento, até por que conheço bem pouca gente que se considere "bem-sucedido". Queremos sempre mais, não é?

Assim, se o desejo do novo, a inquietação da mudança está tocando a sua vida, permita-se tentar, ou pelo menos olhe para o desconforto com coragem de ver o que não está dando certo, o que você não quer mais. Por que se você tiver essa pequena coragem da autoanálise, com certeza, sua vida já estará caminhando para um novo momento no mínimo mais honesto.

Sinto que estamos num momento em que a sociedade já está dando mais espaço para acolhermos as diferenças, as pessoas que vivem de uma forma diferente da nossa, o novo, e isso já é um espaço para o novo brotando no coletivo. E que assim seja. Se refletirmos até sobre o significado das orações, veremos que: "Assim na Terra como no Céu", pode nos remeter a visão das nuvens que vivem mudando de forma.

Vamos ter coragem de nos soltar?
 
 
Autor: Maria Silvia Orlovas

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Serenidade...

O ritmo acelerado da vida na sociedade atual vicia o comportamento das pessoas na agitação; há uma necessidade constante de realizar tarefas. Infelizmente, isto faz com que a serenidade não seja vista com bons olhos. É uma sensação quase proibida, pois ela é comumente confundida com tédio e apatia.

Não é tão simples gerar ocasiões de contemplação, quando se vive o tempo todo preocupado em cumprir responsabilidades. Mas podemos desenvolver o hábito de criar momentos serenos em nossa vida e desfrutar dos benefícios da serenidade. O corpo necessita de relaxamento para seu correto refazimento e a mente funciona com maior lucidez quando atua em paz. A serenidade é ativa e produtiva, não é um sinônimo de desânimo; é apenas um estado de lucidez e tranquilidade interior.

Em realidade, muitos são aqueles que não sabem como se comportar quando estão desocupados. Até mesmo na época de férias, supostamente um período de descanso, as pessoas buscam viagens onde haja a possibilidade da realização de muitas atividades. Ao se encontrarem no campo, ou em uma cidade pacata, não sabem o que fazer, acabam optando por ingerir bebidas alcoólicas em excesso como forma de passar o tempo. Existe a errônea sensação de que estar sereno é estar subaproveitando a vida.

A falta de serenidade existe, na maioria das vezes forçadamente, devido à prática de uma rotina de vida atarefada. Mas também há um aspecto inconsciente que faz com que as pessoas fujam dos momentos de serenidade; mesmo quando a oportunidade se apresenta. A serenidade viabiliza a contemplação da vida, traz o contato íntimo com a própria essência, possibilitando importantes reflexões. Algumas pessoas fogem da serenidade, pois nem sempre as conclusões provindas desses momentos são agradáveis. A serenidade está relacionada à paz interior, harmonia de sentimentos, e lucidez de pensamentos. Quando as pessoas estão insatisfeitas com elas mesmas, precisam de constantes estímulos externos, a fim de desviar o foco de sua atenção para o que está fora de si.

O estado de serenidade viabiliza a apreciação intensa dos bons momentos da vida. Aquele que olha para uma flor com serenidade, sente sua força, beldade e delicadeza de sua essência; quem olha sem serenidade, apenas observa superficialmente sua beleza.

O foco da serenidade é a observação profunda, ela proporciona a abstenção da postura crítica, eliminando o julgamento. Desta forma, realiza-se a contemplação, que é livre de influências emocionais que possam distorcer a realidade. O indivíduo sereno é conduzido ao entendimento profundo das verdades da vida, logo, cultivar a serenidade é uma preciosidade que deve ser valorizada.

Manter-se sereno perante o estresse da vida não é tarefa fácil, mas é uma habilidade que pode ser desenvolvida com a prática. Dedicar-se a priorizar a paz interior e desprender-se das aflições é um caminho que, se percorrido várias vezes, torna-se um saudável hábito de comportamento.
 
Gisela Luiza Campiglia