"Nada de imitar seja lá quem for. Temos de ser nós mesmos. Ser núcleo de cometa, não cauda. Puxar fila, não seguir". (Monteiro Lobato)
Segundo a fábula infantil, Maria era uma ovelha que sempre fazia o que as outras ovelhas faziam. Se todas iam para baixo ela ia também, se iam para cima, Maria as seguia. Ela nunca fazia o que queria, até que um dia tomou uma decisão que mudou o rumo de sua vida - trilhar o seu próprio caminho.
E assim pode ser o "João vai com os outros", quando prefere imitar, crer cegamente ou transferir responsabilidades que lhe são inerentes no processo vital. Espera que os outros decidam qual o melhor caminho para a sua vida, até sentir-se frustrado e decepcionado com o seu destino e despertar para a individualidade como meta de crescimento a partir de suas próprias escolhas.
A interdimensionalidade, inerente ao ser dotado de inteligência e livre-arbítrio, tem demonstrado na prática terapêutica, através de inúmeras experiências regressivas de memória, que reproduzimos padrões comportamentais associados à zona de conforto, cujo comodismo ou tendência de nos "sentirmos bem" na inércia existencial, leva-nos a repetir, vida após vida, experiências vinculadas ao fanatismo, que é a paixão cega que estimula-nos a cometer excessos em favor de uma religião, doutrina, partido político etc. Caminhos que, geralmente, embotam a mente e mantêm por tempo indeterminado, o indivíduo prisioneiro de processos obsessivos de origem anímica ou espiritual.
Nesta lógica, a síndrome de vitimização, entre outros desequilíbrios psíquico-espirituais que apresentam a baixa autoestima como um bloqueio às iniciativas necessárias ao crescimento pessoal, são responsáveis por um considerável número de pessoas que idealizam doutrinas ou idolatram indivíduos, transferindo, desta forma, uma parcela de sua própria responsabilidade nas mudanças que almejam para si mesmas ou para o contexto da sociedade.
No entanto, apesar de um tanto confuso e ainda envolvido pelas suas próprias limitações e pelas artimanhas do poder político-econômico das sociedades de consumo, que ditam regras de comportamento, o homem começa a despertar para a criação de um modelo social que contemple o bem-comum como uma afirmação do milênio em curso.
Nesta direção, aos poucos, o homem liberta-se das amarras que o prendem a valores materialistas vinculados ao egocentrismo. Mecanismo que gera um número incalculável de "Marias e Joãos", dependentes de um estado de coisas criado pelo ciclo reencarnatório que tende a se repetir sem uma alteração comportamental que seja significativa para estes indivíduos. E a libertação de um padrão de comportamento arraigado ao passado é determinante para que o indivíduo assuma a sua condição de agente transformador de realidades, a partir da "realidade" de si mesmo inserida na transparência do universo.
Como registrou o poeta espanhol, Antonio Machado: "Não há caminhos, se faz caminhos ao caminhar", pois a natureza do ser inteligente não o orienta a seguir, indefinidamente, caminhos atrás do outrem, mas vivenciar a própria experiência ao trilhar um caminho que o leve ao crescimento integral em sintonia com a expansão da consciência.
Neste sentido, temos uma referência que poderá surgir como uma luz a iluminar a nossa caminhada, que são as leis universais -ou naturais- que orientam o ser inteligente a seguir a trilha do encontro consigo mesmo através da prática do bem e do amor fraternal. Um caminho de descobertas que apuram o sentido da vida e o senso de responsabilidade do indivíduo para consigo próprio, com o outrem e com o planeta Terra que é a sua morada.
Autoconhecimento de nível avançado que abre as portas da percepção para a natureza interdimensional do homem. Uma experiência de evolução a partir de uma escolha que transcende ao ego, observado como uma instância da personalidade limitada às ressonâncias das vivências na dimensão da matéria.
Portanto, dizer que uma pessoa é "Maria vai com as outras", significa dizer que ela é facilmente influenciável, sem vontade própria e que se deixa levar pela opinião de outras pessoas. Um paradigma que pode ser alterado quando decidimos trilhar o próprio caminho, como sugere a fábula no seu final: "Agora, mé, Maria vai para onde caminha o seu pé".
Flávio Bastos
2 comentários:
Texto ótimo querida...
Eu sempre tive um lema: prefiro até errar por causa de uma má escolha minha, do que errar, porque fui seguir os outros...
sempre adorei fazer as coisas ao meu próprio jeito e como diz meu filho: "mãe, voce não segue nem receita" rsrsr e é verdade...
tudo tem que ter um toque meu, não sigo ninguém, afinal o Criador me dotou de inteligência e livre arbítrio, então busco meu senso ao utiliza-los, pois tenho consciência de que somos criadores e responsáveis por tudo o que acontece em nossa vida.
E assim vamos vivendo e aprendendo através de cada um de nossos passos.
Bom final de semana, beijos...
Valéria
Oi Mari, adorei seu espaco e ja me instalei por aqui. Que sua semana seja de muita paz e luz!!! Abraco. Lu
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